Bonito-MS

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Nós no Rio Sucuri, após flutuação!

No meio da boiada

No meio da boiada
pela segunda vez, no Mato Grosso do Sul

Nós em Corumbá-MS

Nós em Corumbá-MS
Eu tava tirando a foto e Leo tava no carro..

O carro vermelho furou o pneu na 2a tentativa

O carro vermelho furou o pneu na 2a tentativa
de atravessar a fronteira Bolívia-Brasil

Situação do carro 03 na Bolívia

Situação do carro 03 na Bolívia
O carro de Beto perdeu 1 roda...

O carro 03 precisou ser içado

O carro 03 precisou ser içado

E a família aumenta!

E a família aumenta!
Centro Geodésico

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O caminho até Cusco

Vinte de julho de 2009, e a madrugada seguinte. Um verdadeiro divisor de águas nessa expedição. Como? Explico:

Ainda em Puerto Maldonado, sabia-se que seria um dia cansativo. Deveríamos ter dormido em Quincemil, uma cidade mais adiante no percurso. Mas o cansaço não se daria só pelo atraso, nem pelo fato de termos de passar tanto tempo na estrada - as previsões mais otimistas nos davam 12 horas -; afinal de contas, atrasos inevitáveis e rodovias já eram velhos conhecidos nossos. O que tinha de novo era a verticalização da rota: a altitude trazia consigo baixíssimas temperaturas - para recifenses e até mesmo ilhabelenses - e também baixa pressão. Teríamos que subir até 4700m, tão longe do nosso conhecido nível do mar, para então descer para 3300m, onde se localiza Cusco. E ainda iríamos pegar o trem para Machu Picchu às 5h da manhã. Mas mesmo com tantos empecilhos, nossos motoristas eram experientes - não com as estradas peruanas, mas enfim...

Partimos de Puerto Maldonado por volta das oito horas da manhã. A estrada não era das melhores: sem asfalto, cheia de desvios, uns trechos de faixa única, uns pela água. Rico, sem ar condicionado e sem fôlego por causa da poeira, passa a Carro 01 pra se livrar das impurezas.

Assim seguimos. A vista - uma espécie de transição entre os Andes e a Amazônia - é belíssima. Todos estão animados com a variação da paisagem. Passamos por Quincemil lá pelas doze, uma hora. No trajeto há uma placa: "Cerramos: 6am - 6pm".

Um pouco depois de Quincemil, entendemos a placa: uma parte da estrada estava fechada para obras, até as seis da tarde. No momento eram 14h, ou seja, a chegada em Cusco atrasaria em quatro horas. Os trabalhadores locais, no entando, eram otimistas: a estrada, mesmo à noite, era boa, diziam eles. Mais no alto ela estaria asfaltada. Assim, aproveitamos o intervalo de várias maneiras: uns dormiram, outros acharam cana-de-açúcar, e todos fizeram suas necessidades ao ar livre.

Até que eram seis horas. Partimos! Pela rodovia, obras em toda parte. Aos poucos subíamos, e o termômetro fazia o inverso. Lá pras nove horas da noite, fizemos uma parada em Marcapata. A temperatura estava em volta de 7ºC. Que empolgação! Víamos a fumaça sair pela voca, víamos lhamas (alpacas, na verdade, como soubemos depois). Fedorentas, sim, mas era emocionante. Por outro lado, os efeitos da soroche (mal da altitude) já eram sentidos por alguns: mainha sequer conseguia sair do carro. Felizmente, encontramos folhas de coca numa vendinha - mascá-las ajuda a melhorar, e mainha logo viciou.

Seguimos, mas não mais com o mesmo ânimo. Salvo algumas exceções: eu mesmo comemorava cada grau diminuído. Painho buzinou feito um louco ao atingirmos o cume. Marcio jogou uma bola de neve no carro de tio Beto. Sim, havia neve! Mais um motivo de felicidade!

Mas a empolgação durou pouco. Estilei quando atingimos -2ºC. Os gritos de "É NEVE!" foram substituídos pelo silêncio. Passava de uma hora da madrugada, e Cusco não chegava. Andávamos a 20km/h numa estrada em ziguezague. A soroche se misturava ao cansaço e criava alucinações: um homem sendo atropelado, um macaco cinza, o zumbido de avião, a impressão de o carro estar em movimento quando fazia parado. Até de dormir se tinha medo. Quem sabe o que poderia acontecer? Cada cochilo que eu dava, acordava com mais frio.

Mas chega uma hora que não se pode mais aguentar. Era o cúmulo da loucura: estávamos numa estrada nunca antes por nós percorrida, pegando temperaturas negativas, de madrugada, num país desconhecido, a mais de 4000m de altitude, e iríamos dormir no meio da estrada (ok, no acostamento). Carol, mainha, tio Beto; a soroche atacava, e era preciso descansar, nem que fosse um pouco.

E deu pra ficar pior. Tio Rico decide seguir em frente, mesmo sonhando enquanto dirige (literalmente!). Conseguir ajuda de tio Chico, já em Cusco, quem sabe. Um tempo depois, painho também decide seguir. Ninho e Beto ficam.

Mas nem mesmo Jorge, o homem-bússola, aguenta: paramos poucos quilômetros adiante. Dormimos, mas todos inseguros. Havia tio Rico chegado? E Beto e Ninho, como estavam eles? Chegaríamos em Cusco? E ainda assim, dormimos. Ainda era noite.

Quando acordei, o dia já havia nascido. E... estávamos na porta de Cusco! Mas e os demais? Não se sabia. O que se sabia nao era agradável. A entrada da cidade estava cheia de pedras, impossibilitando a passagem de qualquer veículo. Parecia até filme. Vários ônibus estavam parados na estrada, pessoas na rua, uma verdadeira confusao. Como se já nao bastasse a madrugada anterior! Machu Picchu já estava perdida, isso já se sabia faz tempo, mas agora parecia que toda a viagem tinha ido por água abaixo.

Mas uma vez no fundo do poço, só dá entao para subir. E assim foi. No meio da multidao, envolto por uma nuvem de fumaça, saía o salvador: Chico Garcia se aproximava do nosso carro, e entao pareceu que a viagem ainda tinha futuro. Painho mesmo classificou a apariçao como se fosse um anjo saindo descendo do céu. Aliviados, nós por ter visto um rosto conhecido, ele por nos encontrar. Explicou o que acontecia: era um protesto por causa de uma mudança no trânsito, e nao deixavam nenhum carro passar. Perguntamos pelos outros: no intervalo avistamos tio Ninho. De tio Beto, nao se sabia. Tio Chico disse que Rico estava do outro lado do bloqueio, e levaria nossas malas; depois pegaríamos o carro. Dito isso, foi esperar-nos no carro de Rico.

E como disse, uma vez no fundo do poço, só dá entao para subir. E assim foi. Um cidadao disse que havia um caminho por onde passar, e nos guiou. Com mais uma olhada para trás, vimos que tanto Ninho quanto Beto nos acompanhava. O cidadao entao entrou no carro de Beto para nos guiar.

Aos poucos, a cidade se materializava diante de nós. Vimos que Rico e Chico perceberam que conseguimos entrar, e nos acompanhavam. Mas como é ótima a sensaçao de sair do fundo do poço! Ao chegar no hotel, descobrimos que Machu Picchu ainda nao estava perdida! Partiríamos logo cedo, mas apenas no outro dia. Nada como se reencontrar todos. E nada como a aventura vivida também! Depois do que se viveu lá no alto, acho que nós - especialmente os motoristas - deviamos nos considerar fortes. Loucos, sim, mas fortes também.

PS: Por favor, se identifiquem ao comentar! É até divertido tentar adivinhar quem falou o quê, mas deixa identificado que é melhor.

11 comentários:

  1. Amigos...os nordestinos são, antes de tudo, uns fortes. Aventura nota 10. Postem fotos das paisagens.

    Abraços a todos

    Márcio Nilo

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  2. Agora eu senti presença...
    Muitas emoçõe vividas e por vir, estamos muito contentes com o relato.
    Segue em frete Reneto,

    Sds Natália e tio Carlitos

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  3. O que aconteceu com o serviço de rastreamento do carro de Rico ?? Não está mais funcionando ?

    Márcio Nilo

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  4. Obaaaa achei o blog!!!!!!!!!!
    Ebaaaaaaaaaa tô viajando!!!!!!!
    :( sei, sou lerdinha mesmo, mas agora vou estar sempre por aqui.
    Beijosss, principalmente nos meus neves mais queridos (?).
    Cecília.

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  5. depois da SOROCHE, eu sobrevivi!!!!
    Machupicchu é fantástica!
    Agora estamos em Cochabanba uma cidade de verdade!( depois de passarmos por Juliaca, Puno e DESAGUADERO....., às margens do lago Titica+Caca.....)
    O nosso redator esta em falta com o blog devido às conexões ruins,mas hj ele vai atualizá-lo.

    Paula de Mendonça.

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  6. Cecilia, vc e mais q lerdinha, e olha q quem teve a Soroche foi eu!.........

    Paula.

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  7. o rastreamento do carro de rico só funciona onde há o sinal do celular....

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  8. olha, estamos selecionando as fotos das paisagens, é que são tantas que fca dificil escilher as melhores.
    paula.

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  9. Ju, que situação!Frio, altitude, estradas escorregadias e ainda por cima gripe!Mas o bom que tudo deu certo e vcs encontraram o caminho.

    Boa aventura!!

    beijos

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  10. Oi, gostaria de saber a rota até Cuzco, menor trajeto e melhores estradas, pretendo viajar de carro com uma turma. Poderia me ajudar? Partindo de Brasília-Df como Chegar

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